Quando fomos buscar o pequeno Betinho para a necessária recuperação espiritual, ele mesmo nos entregou a seguinte
carta que endereçara, na véspera, ao coração maternal:
Querida Mãezinha:
Espero você para ficar comigo.
Ontem olhei a chegada dos ônibus até que o último aparecesse. Chorei muito quando vi que você não vinha.
Papai viajou e Dona Júlia voltou para a casa dela, depois do lanche. Ao sair, fechou as portas e janelas. Agora estou
com medo de ficar sozinho.
Tenho sono, mas a cabeça está doendo e a tosse voltou com muita força.
Não posso dormir, pensando em você. A casa parece muito grande e qualquer barulho me assusta. Mamãe, porque tanta
demora para você voltar?
Se eu estivesse crescido, iria procurar você, mas os meninos de Dona Francina me disseram que não devo tomar ônibus
sem a companhia de gente grande.
Ontem, minha pipa apareceu rasgada e, quando corri para chamar Dona Júlia, cai num poço de lama e feri a cabeça.
Hoje, cai quatro vezes, dentro de casa. Não pude ir à escola.
Ninguém lavou minha roupa, mas os sapatos eu mesmo engraxei.
Estou escrevendo com tanta saudade, que estou com vontade de chorar.
Não me deixe sozinho.
Venha depressa.
Mamãe, fique comigo.
Muitos beijos de seu filho
BETINHO
Nesta carta, beijamos a ternura de uma criança e, com permissão da querida destinatária, fazemos desta página a nossa
homenagem ao luminoso Dia das Mães.
Espírito: MEIMEI
Médium: Francisco Cândido Xavier
(Foto - Ariane Carolina Tavelin)
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