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terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Louvor do Natal



Senhor Jesus!


Quando vieste ao mundo, numerosos conquistadores haviam passado, cimentando reinos de pedra com sangue e lágrimas.
Na retaguarda dos carros de ouro e púrpura, em que lhes fulgia a vitória, alàstravam-se, como rastros da morte, a degradação e a pilhagem, a maldição do solo envilecido e o choro das vítimas indefesas.
Levantavam-se, poderosos, em palácios fortificados e faziam leis de baraço e cutelo, para serem, logo após, esquecidos no rol dos carrascos da Humanidade.
Entretanto, Senhor, nasceste nas palhas e permaneceste lembrado para sempre.
Ninguém sabe até hoje quais tenham sido os tratadores de animais que te ofertaram esburacada manta por leito simples, e ignora-se quem foi o benfeitor que te arrancou ao desconforto da estrebaria para o clima do lar.
Cresceste sem nada pedir que não fosse o culto àverdadeira fraternidade.
Escolheste vilarejos anônimos para a moldura de tua palavra sublime...
Buscaste para companheiros de tua obra homens rudes, cujas mãos calejadas não lhes favoreciam os vôos do pensamento. E conversaste com a multidão, sem propaganda condicionada.
No entanto, ninguém conhece o nome das crianças que te pousaram nos joelhos amigos, nem das mães fatigadas a quem te dirigiste na via pública!
A História, que homenageava Júlio César, discutia Horácio, enaltecia Tibério, comentava Virgílio e admirava Mecenas, não te quis conhecer em pessoa, ao lado de tua revelação, mas o povo te guardou a presença divina e as personagens de tua epopéia chamam-se “O cego Bar imeu”, «o homem de mão mirrada», «o servo do centurião», «o mancebo rico», «a mulher cananéia», «o gago de Decápolis», «a sogra de Pedro», «Lázaro, o irmão de Marta e Maria»...
Ainda assim, Senhor, sem finanças e sem cobertura política, sem assessores e sem armas, venceste os séculos e estás diante de nós, tão vivo hoje quanto ontem, chamando-nos o espírito ao amor e à humildade que exemplificaste, para que surjam, na Terra, sem dissensão e sem violência, o trabalho e a riqueza, a tranqüilidade e a alegria, como bênção de todos.
É por isso que, emocionados, recordando-te a manjedoura, repetimos em prece:
— Salve, Cristo! os que aspiram a conquistar desde agora, em si mesmos, a luz de teu reino e a força de tua paz, te glorificam e te saúdam!...

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